Hoje temos colaboração especial por aqui by Iara Vasconcellos. Vamos à leitura? Está bem inspiradora.
Minha mãe era funcionária pública. Esse fato, hoje, realmente não tem o “glamour” que havia nos livros de José de Alencar e Machado de Assis; eram outros tempos! Porém, algo muito oportuno foi que, em determinada época ela pôde optar por trabalhar período parcial. Lembro-me também de como ela justificava o fato às suas colegas da Sede de Saúde Escolar (onde ela como psicóloga trabalhou muitos anos):
- Sei que vou receber menos, mas vou ficar mais tempo com meus filhos. E essa será minha opção, enquanto eles forem pequenos.
Na época eu não podia avaliar a implicação daquela decisão. Hoje, me recordo do tempo em que ela me levava, no período da manhã, ao Parque Ibirapuera para brincar. Eu me sentia livre. Corria de um lado para o outro, ia do balanço para a gangorra, brincava com areia, jogava bola. De repente, corria para minha mãe, que ficava sentada em um banco na sombra, dava e ganhava beijinhos e voltava reabastecida para minha diversão. Não me lembro de muita coisa da minha infância, mas esse fato sempre volta como uma onda de gratidão e prazer.
Meu pai era muito alto e eu adorava quando, nas férias, íamos à praia e ele me colocava em seu ombro e ia caminhando para o fundo. Para mim, o fato de a água bater na altura do peito dele, já representava um abismo sem fim. E como era bom, lá de cima sentir o vento no rosto, olhar para os outros e me sentir no topo do mundo!
Não há o que pague esse tipo de recordação em um mundo onde somos, muitas vezes, utilizados como máquinas e onde passamos a automatizar também nossos relacionamentos. Acabamos entrando numa rotina, numa roda viva que muitas vezes extingue o élan - o pique para separarmos momentos de lazer com nossos familiares. Parece incoerente, mas acabamos ficando tão cansados, que não conseguimos nem descansar!
Há pessoas que acabam se tornando tiranos de si mesmos, não se permitindo momentos de relaxamento e encarando o lazer como se fosse o pecado da preguiça.
Lembro-me de ter assistido a um filme distribuído pela COMEV, chamado Gospel Road. Era um filme sobre a vida de Jesus. O cenário inicial era a Judeia daquela época. Havia muitas cenas com pôr do sol, reflexos no rio Jordão, pessoas com vestes típicas etc. Em determinado momento, uma cena prendeu minha atenção. Mostrava Jesus e os discípulos correndo em um gramado. Eles brincavam entre si. Pedro, grandalhão, resolveu pegar a João (que no filme era pequenininho) no colo, e aí todos riram. O próprio Jesus deu boas gargalhadas e eles prosseguiram o caminho em um delicioso clima de descontração. Deus tem um senso de humor refinado e inteligente!
Para a harmonia do ser humano que vive em um mundo desequilibrado o afastamento da rotina refaz corpo e mente e propicia uma volta com mais energia às tarefas de sobrevivência seja trabalho ou estudo.
Comece, então, a planejar um lazer com a família para o próximo feriado, ou para as próximas férias. Dezembro já está às portas! É melhor gastar com uma viagem, do que com remédios para estresse, não é?
Bom divertimento!
Iara Vasconcellos é jornalista, produtora editorial e tradutora. Trabalha como editora assistente na Editora Hagnos em São Paulo. Matéria originalmente publicada na Revista Lar Cristão e utilizada com a devida autorização.