Grávida com câncer tem desafio em dobro.
Gestantes que sofrem de câncer enfrentam dilemas psicológicos e dúvidas são constantes
Início de uma vida e ameaça de morte. É por essa experiência contraditória que passam as gestantes que sofrem de câncer, uma em cada mil, segundo o INCA (Instituto do Câncer).
O desafio não se limita ao dilema ético e psicológico da mulher; os profissionais que trabalham no tratamento de câncer também são duplamente desafiados pela situação. A quimioterapia e a radioterapia, principais formas de tratamento do câncer atualmente, trazem riscos para a integridade do feto. Por outro lado, a falta de tratamentos durante a gravidez ameaça a vida da mãe.
E o que fazer diante desse cenário? Entrevistamos o médico oncologista Dr. Israel Gonçalves, da Oncomed BH, que esclareceu as principais dúvidas sobre o assunto.
1) Se uma mulher, que já está grávida, descobrir que tem um câncer. O que deve ser feito?
- Dr. Israel: Inicialmente, deve-se procurar um oncologista, que, juntamente com seu obstetra/ginecologista, definirão a melhor abordagem do caso.
2) E se a gravidez acontecer sem planejamento? Ex: a mulher está fazendo uma quimioterapia e descobre que está grávida. O que deve ser feito? O risco é tanto para a mãe quanto para o feto?
- Dr. Israel: Neste caso, depende do tipo de câncer, do sítio primário do tumor, do estágio da doença e do tipo de tratamento que a paciente realiza naquele momento. Existe o risco de malformações para o feto nas primeiras semanas de gestação com o uso de alguns quimioterápicos. Para a mae, dependendo do tipo de câncer, pode haver necessidade de interrupção da quimioterapia e reduçao da eficácia do tratamento ou mesmo a necessidade de interrupção da gravidez.
3) Em tratamento contra um câncer, a mulher pode usar métodos contraceptivos, como o uso de anticoncepcional para nao engravidar? O anticoncepcional pode interferir no resultado do tratamento oncológico?
- Dr. Israel: Sim. Durante um tratamento oncológico é recomendado evitar a gravidez preferencialmente com os métodos de barreira mecânica como a camisinha. O melhor método anticoncepcional deve ser discutido com o seu médico uma vez que alguns tipos de hormônios podem interagir com alguns quimioterápicos e acelerar o crescimento de alguns tumores.
4) No caso de uma gravidez de uma paciente com câncer, qual médico ela deve procurar: oncologista ou ginecologista/obstetra?
- Dr. Israel: Tanto o oncologista como o ginecologista/obstetra devem estar envolvidos na condução do caso com objetivo de garantir a saúde do bebê e o sucesso do tratamento da mae.
5) Os tratamentos de quimioterapia e radioterapia podem prejudicar o desenvolvimento do bebê?
- Dr. Israel: Tanto a quimioterapia quanto a radioterapia implicam em riscos para a saúde fetal. A radioterapia é contraindicada em qualquer fase da gestação. A quimioterapia pode ser realizada a partir do segundo trimestre, fase em que o bebê já se encontra formado.
6) Pacientes diagnosticadas com câncer podem preservar a sua fertilidade no futuro? Quais são os métodos para isso?
- Dr. Israel: Sim. Através de técnicas de congelamento e armazenamento dos gametas. Em caso de desejo de gravidez futura, este procedimento deve ser discutido com o médico assistente para ser encaminhada para o profissional especializado e realizado rapidamente, evitando atrasos no tratamento oncológico.
7) Depois de concluir o tratamento, quanto tempo, em média, a mulher deve esperar para engravidar?
- Dr. Israel: Nao é muito bem definido na literatura um período estabelecido para a gravidez após o tratamento com quimioterapia/ radioterapia. Cada caso deve ser orientado individualmente devido os diferentes esquemas de quimioterápicos e tipos de tumores.
8) Existe algum tipo de câncer que impede a mulher de poder engravidar no futuro?
- Dr. Israel: Sim. Alguns tumores que envolvem o sistema reprodutor feminino, como útero, ovários, quando tratados cirurgicamente podem impedir de maneira definitiva uma gravidez futura.
Oncomed - Centro de Prevenção e Tratamento de Doenças Neoplásicas
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