Ele é considerado por seus inimigos como pedante, retórico, irritante e violentamente implacável com os seus adversários. Seus discursos são uma mistura de juridiquês e política. Divide o seu tempo entre ocupar cargos relevantes no governo e o escritório de advocacia, frequentado por clientes capazes de bancar seus honorários. Seus adversários dizem que ele não tem liderança, mas isto não impede que entre em debates acirrados na imprensa. É cada vez mais alvo dos jornalistas que o retratam em artigos e caricaturas pejorativas como uma ave de rapina.
De olho nas verbas governamentais de publicidade. Esse é um dos objetivos dos responsáveis pelo faturamento da mídia. A população raramente é informada sobre quanto o governo gasta em propaganda e para quem é destinada essa dinheirama. Os responsáveis pela distribuição do dinheiro do contribuinte creem que isso é um investimento e não um gasto. Esperam uma cobertura mais “amiga” dos atos administrativos e polêmicas em que o governo se envolve. Mas nem todos se curvam e insistem em fazer um noticiário crítico. Então, não resta alternativa senão suspender a compra dos espaços publicitários com comerciais dos diversos serviços oferecidos pelo governo, como crédito mais barato, campanhas de vacinação e roteiro de obras prometidas na última campanha eleitoral.
A presença do presidente brasileiro na capital dos Estados Unidos tem mais um caráter de colocar panos quentes do que a construção de uma aproximação maior entre os dois países. Há duras críticas ao governo brasileiro na mídia americana republicana. A política externa independente elaborada pelo ministro das relações exteriores brasileiro não é bem digerida por Washington, principalmente por causa das guerras que ainda desestabilizam a paz mundial. Contudo, a declaração conjunta do encontro entre os dois presidentes na Casa Branca mostra temas importantes, como o respeito à democracia, a busca pelo desenvolvimento social e defesa da paz. Isso gera uma aparente ideia de aproximação entre os dois países e também de seus presidentes.
O Brasil quer se juntar a outros países emergentes, também chamados de terceiro mundo, para resistir ao imperialismo. A política externa brasileira é de um alinhamento automático aos Estados Unidos. Isso nasce quando o dólar substitui a libra inglesa no comércio mundial, depois da Primeira Grande Guerra. O Brasil procura manter uma balança comercial favorável para estocar moedas estrangeiras e bancar as importações de produtos com alto valor agregado. Vender produtos primários, que futuramente serão conhecidos como commodities, é enxugar gelo, dizem os economistas de uma linha mais crítica.
Depois de prefeito da maior cidade do Brasil e governador do estado economicamente mais poderoso, só resta agora chegar à presidência da República. São Paulo é o trampolim mais importante para chegar à Brasília. É verdade que ele não é paulista de nascimento, o que pode atrapalhar o gosto do bairrismo local. Mas estudou e iniciou uma carreira de sucesso na cidade de São Paulo, e ninguém se lembra disso. O primeiro salto é a prefeitura da cidade economicamente mais importante do Brasil. Sua aparição em obras públicas, incertas nas repartições da prefeitura e constante espaço na mídia garantem prestígio e votos para continuar.
Ele manda mais do que o presidente da República. É isso que se cochicha nos corredores do palácio do Poder Executivo. O político vem de uma região longínqua do Brasil, mas graças a sua habilidade de negociação, é muito influente na capital do país. A imprensa cobre seus passos, fazem entrevistas que sempre dão uma chamada na primeira página. E contribui para aumentar o número de inimigos. A concentração do poder não está mais tão fácil para as bancadas mais numerosas de deputados paulistas e mineiros.