Médica nutróloga esclarece mitos e verdades e ressalta que alimentos não são milagrosos para tratamento da doença
Uma alimentação saudável pode auxiliar na prevenção e no tratamento do câncer, mas não pode ser vista como um milagre no combate à doença. Há várias limitações na identificação do real papel indutor ou preventivo da dieta. De acordo com a Dra. Lunamaris Salum de Abreu, médica nutróloga da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN), é preciso ter cautela para não perpetuar conceitos frágeis sem confirmação científica, baseados puramente em modismos.
A especialista fez uma lista, baseada em algumas pesquisas e aspectos que estão associados a menores riscos de tumores.
Conheça os 9 alimentos para combate e prevenção!
1 - Iogurte natural e coalhada: são ricos em lactobacilos, probióticos fundamentais no equilíbrio da microbiota intestinal que é a primeira barreira protetora à entrada de substâncias tóxicas no organismo.
2 - Frutas vermelhas e roxas: como morango, mirtilo, blueberry, jabuticaba, amora, framboesa. São ricas em polifenóis e proantocianidinas que são antioxidantes.
3 - Sementes de girassol, de abóbora, gergelim, linhaça: além de ricas em fibras, possuem alto teor de gorduras saudáveis.
4 - Molho de tomate: rico em licopeno, antioxidante protetor de diversos órgãos, principalmente próstata.
5 - Folhas verde escuras: rspinafre, rúcula, couve, além de folhas da beterraba, do brócolis e do rabanete contêm luteína e zeaxantina, poderosos antioxidantes.
6 - Cacau: encontrado em maior quantidade nos chocolates amargos, o fruto é rico em catequinas, que possuem ação antioxidante.
7 - Chá verde: rico em catequinas, desde que seja autêntico, geralmente de origem japonesa.
8 - Especiarias: gengibre, açafrão, pimentas, canela, cravo, páprica, cúrcuma - geralmente chamadas de “temperos”, possuem fortes propriedades antiinflamatórias.
9 - Vitamina D: um dos mais importantes fatores anticancerígenos. Apesar de a principal fonte ser o sol, alguns alimentos apresentam alto teor de vitamina D, como gemas de ovos, manteiga de leite, laticínios integrais e peixes.
O que tem que ficar muito claro é que não existe mágica! “Nutrientes isolados não devem ser supervalorizados, pois consumimos alimentos com grande número de compostos, o que torna a tarefa nutricional difícil”, pontua a médica. O câncer é uma doença complexa, multifatorial e, apesar dos milhares de estudos, ainda é uma doença misteriosa, adquirindo padrões de comportamento peculiares de acordo com o órgão afetado e evoluindo de formas diferentes em cada indivíduo.
A médica nutróloga acrescenta que é leviano atribuir a qualquer alimento o poder de cura. “Nenhum alimento tem poderes mágicos. Eles devem ser escolhidos para compor uma dieta saudável, equilibrada, nutritiva, simples e que forneça todos os nutrientes que cada pessoa necessita para estar bem em todas as fases de sua vida”.
Existe um grande impasse sobre os possíveis benefícios ou malefícios dos fitoestrógenos. Eles são substâncias vegetais com comportamento funcional semelhante aos hormônios estrogênicos. Os principais representantes são as isoflavonas, encontradas em alta concentração na soja. Enquanto alguns autores afirmam que as isoflavonas exerceriam efeito protetor contra o câncer de mama, por exemplo, outros estudos consideram as isoflavonas como disruptores endócrinos, que são substâncias naturais ou subprodutos das indústrias que alteram o funcionamento do sistema endócrino, provocando desvios hormonais potencialmente cancerígenos.
A Dra. Lunamaris ainda comenta que a controvérsia é útil para mostrar o perigo de se usar por conta própria suplementos que mesmo sendo considerados naturais, podem ser danosos à saúde. “Qualquer medicamento, seja ele natural ou não, nunca é isento de riscos, daí a necessária avaliação criteriosa de um médico para recomendar sua utilização”.
De olho aberto sempre!
*Na imagem acima, explorando tomates em cachos, num mercadinho "com ares de padaria" em Manhattan, NYC
